segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Circus Maximus

Algo que vem me preocupando é a vulgarização dos celulares. Especificamente, daqueles dotados de câmeras. Não fosse ruim o bombardeio diário a que estamos sujeitos das ondas emitidas pelos nossos milhões de aparelhos, ainda corremos o risco de sermos flagrados em situações constrangedoras e, por que não dizer, comprometedoras.

Muitos dos pensadores modernos têm se preocupado com a questão da perda da intimidade. Os mais liberais, temem que essa quebra de privacidade se dê por meio do Estado, que é quem teria mais interesse em cercear nossas liberdades individuais, gerando assim uma população cada vez mais controlada, voltada aos interesses estatais, à produtividade e coisas afins. Bem, é uma forma cômoda de se pensar, apesar de assustadora. É o que vemos em “1984”, do Orwell. Uma visão terrível sobre a absoluta perda de liberdade, incluindo dos pensamentos e dos próprios sentimentos. Embora o livro nos dê a sensação de que o Inimigo é invencível, ainda assim é um inimigo, alguém a quem odiar, contra quem reunir forças e lutar, erguendo-se em um motim com um grito de liberdade nos lábios e paus e pedras na mão. Ainda que os revoltosos morram, eles lutaram.

Em “Mindscape of Alan Moore”, o protagonista, autor de “Watchmen”, “V for Vendetta”, “Hellblazer”, entre outras grandes obras, diga-se de passagem, conta que, em uma de suas histórias, criou uma Londres futurista em que uma há câmera em cada esquina, observando os cidadãos. Rindo, ele lembra que as autoridades acabaram gostando de sua idéia e que, hoje, Londres já vive essa realidade.
Ainda assim, é o Estado como antagonista.

O que me preocupa não é o Estado, mas os cidadãos. Cada um de nós é um espião em potencial, carregando nossos celulares com 5.0 megapixels de ???, prontos para, a qualquer flagrante, posicionarmo-nos como verdadeiros documentaristas, captando cada segundo da vida alheia.

Se um Inimigo é difícil de ser atingido, imagine milhões de inimigos. Parte da força do Big Brother vinha justamente da traição entre os cidadãos, ninguém estava seguro, nem mesmo dentro de seus lares. As crianças eram as piores, a cada comportamento suspeito dos pais já havia uma denúncia. E o que as crianças poderiam considerar suspeito senão todo um universo de coisas desconhecidas e ainda incompreendidas. Qualquer coisa, enfim.
Não havia lei no Estado absoluto de Orwell. No entanto, tudo poderia ser considerado crime. E era. Não sei se estamos seguindo este caminho, se o futuro que nos espera é justamente o sombrio e cinzento mundo em que Winston Smith aprende a amar o Estado, seu Grande Irmão.

E por falar em Grande Irmão, não posso deixar de mencionar o programa homônimo. Que aquilo é uma idiotia e que seus participantes são atores fingindo intrigas e polêmicas é desnecessário lembrar, mas quantas pessoas assistem aquele programa? Quantas pessoas obcecadas para saber o que se passa na vida de desconhecidos, sendo que sua vida está acontecendo bem ali nesse mesmo momento. Embora o telespectador não perceba , sua vida não fica suspensa durante o programa, mas é desperdiçada, enquanto seu cérebro, este sim, permanece em Stand-by.

Agora, cada um desses “espiadores” tem uma câmera em seus bolsos, prestando atenção em cada detalhe de seus companheiros de labuta diária. Um espirra torto e já aparece no Youtube. Outra é flagrada sem calcinha, bêbada, fazendo sexo com seu novo namorado ou com um cara que acabou de conhecer.

Moral à parte, nada vale a perda da intimidade, que acaba levando à perda da liberdade. Não quero ter de me preocupar em aparecer no Youtube exercendo meu sagrado direito de cometer erros.

E, por fim, embora haja muito mais, qual o interesse nessa popularização das câmeras? Conspiracionista, acredito que é realmente interesse do Estado nos manipular para que, crendo estarmos no exercício maior de nossa liberdade, entreguemo-la em uma bandeja de prata. Claro que eu não tenho coragem de dizer isso em voz alta, nunca se sabe quem pode estar ouvindo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Guy Fawkes

"Remember, remember the fifth of November,
Gunpowder, treason, and plot,
I know of no reason why the gunpowder treason
Should ever be forgot.
Guy Fawkes, Guy Fawkes, ’twas his intent
To blow up the King and Parliament.
Three score barrels of powder below,
Poor old England to overthrow;
By God’s providence he was catch’d
With a dark lantern and burning match.
Holloa boys, holloa boys, make the bells ring.
Holloa boys, holloa boys, God save the King!
Hip hip hoorah!
A penny loaf to feed the Pope.
A farthing o’ cheese to choke him.
A pint of beer to rinse it down.
A faggot of sticks to burn him.
Burn him in a tub of tar.
Burn him like a blazing star.
Burn his body from his head.
Then we’ll say ol’ Pope is dead.
Hip hip hoorah!
Hip hip hoorah hoorah!"

Que nossa causa nunca se torne perdida!