terça-feira, 12 de maio de 2009

1º tratado sobre a ondulatória.

Quantas palavras será que o mundo ouve em um dia?
Quantas vezes por minuto o ar é incomodado pelo vibrar de cordas, desnecessários e praticamente inconscientes do conteúdo da própria vibração?


Os discursos são autoritários. Cada um deles visa convencer, mostrar uma verdade nova ou antiga, mas sempre para ser aceita, nunca negada.
Isso não quer dizer que não haja uma diferença de dignidade entre os discursos. Nove décimos de tudo o que é dito seria melhor aplicado se engolido e assim, ficasse aos serviços do silêncio mundial.


Certos grunhidos que soltamos dia afora são importantes, é o caso do “bom-dia”. Nunca, em cultura nenhuma, no momento em que desejamos “bom-dia”, estamos desejando de fato que o dia daquela pessoa seja bom. Mas o “bom-dia” preenche o vácuo que existe no instante em que os olhos se cruzam, preenche a eventual raiva ou indiferença desse momento e por vezes é substituto até mesmo da paixão.


Tenho por certo que as combinações de palavras idiotas são mais melodiosas, nada mais justificaria o porquê elas são tão benquistas e populares. Nós as ouvimos o tempo todo, o mesmo conteúdo, ás vezes até com o mesmo arranjo, mudando quando muito o timbre ou o sotaque. Isso vai causando uma mecanização social, é como o tique-taque de um despertador que torcemos para que quebre durante a noite para que possamos dormir mais sem culpa, mas ele sempre desperta e nunca nos surpreende com a música tocada.


Por isso aceitar sem pressa e de bom-grado uma boa conversa, mais que um prazer é uma obrigação moral de qualquer ser-vivo humano ou não que mereça respeito ( supondo que os não-vivos não ouçam ou falem)


Por isso também jamais devemos negar nossos ouvidos à real sinceridade de ninguém, pois por mais que não a entendamos, por mais inocente que ela possa parecer será sempre provida de sabor e de verdade.


E mais importante, nunca neguemos uma conversa a um amigo, é para isso que elas existem e são nesses momentos que são mais coloridas e sinestésicas. O momento em que sopramos as narinas do silêncio com a imaginação e a sinceridade, e damos vida a algo que estava em nós, mas não era por nós conhecido. Sim as boas conversas, elas nunca devem ser impedidas de correr. . .


Mateus.

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