quinta-feira, 7 de maio de 2009

Como nossos pais?

"Os velhos acreditam em tudo, os adultos suspeitam de tudo e os jovens sabem de tudo".
-Oscar Wilde

Ironicamente, constatou o áureo inglês a prepotência da juventude. Porém, ele revela, talvez inconscientemente, um grande preconceito. Se os adultos acham que é arrogância jovial imaginar que sabem tudo, pensar que eles não sabem nada, e assim os tratar, é algo absurdo.

Pais não criam filhos, pais criam outros pais. A educação paterna não é baseada no que é realmente bom ou ruim para um filho, mas no que se acha que teria sido bom ou ruim para si mesmo. A educação que receberam servirá para criar um parâmetro do que é bom ou ruim na figura paterna. “Estou te obrigando a fazer isso porque meu pai me obrigava a fazer assim”, e, assim, são deixados de lado os próprios sentimentos em relação a tal arbitrariedade.

Sendo ainda mais claro. Um pai não ensina um filho a ser uma criança. Ensinar é uma conseqüência de tentar superar a figura paterna. Ser um pai melhor é a questão e não o que é realmente bom para o filho.
Deveria haver respeito entre pai e filho. E respeito é algo recíproco, nunca unilateral. Respeito não nasce das surras, nasce do tratamento. Não é a surra que deixa marca, é o exemplo da tola, e desnecessária, demonstração de força. Se chega ao ponto de um pai bater em um filho, a criança deve ter extrapolado em suas atitudes.

Porém, o que devemos analisar é o motivo da criança ter agido daquela forma. Há um defeito na educação daquela criança. Quem deveria apanhar é o educador, afinal o erro foi dele. " Os velhos acreditam em tudo, os adultos suspeitam de tudo e os jovens sabem de tudo". Disse Oscar Wilde. Ironicamente, zombou da prepotência da juventude. Porém, não esconde outro preconceito. Se os adultos acham que é arrogância jovial imaginar que se sabe tudo, pensar que eles não sabem nada, e assim os tratar, é outro absurdo.

Não se trata de ser permissivo. Vivemos em uma maldita sociedade permissiva. Dane-se a permissividade. Trata-se de saber ensinar. A criança deve ter respeito, conhecer os limites de sua atitude. Imaginemos um homem que nasceu e viveu toda sua vida adulta em um lugar congelado. Nunca teve contato com fogo. É difícil imaginar, mas possível. Bom, ele teve uma educação privilegiada, diga-se de passagem, leu os melhores filósofos, estudou as mais modernas teorias. Hoje, um grande mestre, está a lhe ensinar sobre o fogo. Passa duas horas explicando sobre o calor, a energia, a agitação dos átomos. Mas, se o maldito não puser o dedo na fogueira, ele não entenderá realmente o que é calor.

Certas atitudes dos filhos não devem ser reprimidas. Eles devem correr os riscos, devem viver suas escolhas, pagar o preço por elas. Isto não pode ser impedido. A repressão é tão, ou mais, prejudicial que a permissividade.

Thadeu

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