quarta-feira, 6 de maio de 2009

Literatura

Começo, por este post, uma nova seção no blog, vamos procurar trazer partes de livros que no agradam, é isso ai, ABRAÇOS!

O livro trata da mudança de uma fámilia atras de emprego depois de perderem suas terras para os bancos, por nao conseguirem paga-lo. Então a familia dos, Joad, vai atras de emprego na California, com a promeça de reencontrar a bonança de antes. O livro passa nos EUA e na época da grande depressão, vale a pena ser lido, Abrass!


"Inquietavam-se as terras do oest sob efeitos da metarmofose incipiente. Os Estados ocidentais estavam inquietos como cavalos antes do temporal. Os grandes proprietários inquietavam-se, pressentindo a metarmofose e sem atinar com sua natureza. Os grandes proprietários atacavam o que lhes ficava próximo: o governo de poder crescente, a unidade trabalhista cada vez mais firme; atacavam os novos impostos e os novos planos, ignorando que tudo isto era efeito, e nao causa. Efeito, nao causa; efeito, não causa. A causa escondia-se bem ao fundoe era simples - a causa era a fome, barriga vazia, multiplicada em milhões; fome na alma, fome de um pouco de prazer e um pouco de tranquilidade multiplicada em milhoes; músculos e cérebros, que querem crescer, trabalhar, criar, multiplicandos em milhões. A ultima função clara e definitiva do homem - músculos que quere trabalhar, cérebros que quer dominar o simples desejo - isto é o homem. Construir um muro, construir uma casa, um dique, e botar nesse muro, nessa casa, nesse dique algo do homem, e retirar para o homem algo dêsse dique; obter músculos duros à força de movê-los, obter linhas e formas elegantes pela concepção. Porque o homem, mais que qualquer coisa orgânica ou inorgânica do unioverso, cresce a força de seu trabalho, galga os degraus de suas próprias idéias, emerge à força de suas próprias habilitações. É isto o que se pode dizer a respeito do homem; quando teorias mudam e caem por terra, quando escolas filosóficas, quando caminhos estreitos e obscuros das concepções nacionais, religiosas, econômicas alargam-se e se desintegram, o homem se arrasta para diante, sempre para a frente, muitas vezês sob o efeito de dores, muitas vezês inutilmente. Tendo dado um passo à frente, pode voltar atrás, mas não mais que meio passo, nunca o passo todo que já deu. Isto se pode dizer do homem, dizer-se e saber-se. Isto se pode saber quando bombas caírem dos aviões negros sobre a paraça do mercado, quando prisioneiros são tratados como porcos imundos, quando corpos crivados de balas rolarem na poeira. Aí, então, pode-se saber isto. Não tivesse sido dado esse passo, não estivesse vivo no cérebro o desejo de avançar sempre, essas bombas jamais cairiam e nenhum pescoço seria jamais cortado. Tenha-se medo de quando as bombas não mais caem, enquanto os bombardeiros estão vivos, pois que cada bomba é uma demonstração de que o espírito não morreu ainda. E tenha-se medo de quando as greves cessam, enquanto os grandes propritários estão vivos, pois que cada greve vencida é uma prova de que um passo está sendo dado. E isto se pode saber - tenha-se medo da hora em que o homem não mais queira sofrer e morrer por um ideal, pois que está é a qualidade-base da Humanidade, é a que o distingue entre tudo no universo."


John Steinbeck, As Vinhas da Ira

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