quinta-feira, 21 de maio de 2009

Das relações paternas parte II

Ou: Da ingratidão filial.

Há um limite em que os pais devem interferir na vida dos filhos? Pergunta retórica com uma resposta idem. Claro que sim, os pais não têm a propriedade dos filhos. Têm a guarda durante sua imaturidade, a infame incapacidade jurídica. A partir daí, os filhos assumem o comando de suas vidas. Ao menos em tese.

Por certo, a moral pede que eles continuem auxiliando os filhos tanto financeira quanto educacionalmente. Os pais pagam a faculdade, bancam as despesas com moradia, e ensinam o que sabem na medida em que sua experiência é necessária. Mas não passa disto, um dever moral. Embora seja comum para os ingleses que os jovens saíam de casa, tão logo se formem, nos países latinos é comum que esse elo dure um pouco mais em razão da nossa moral, de nossos sentimentos mais familiares.

Em razão disto, muitas vezes, os filhos não estão aptos a viver de forma independente. E a culpa é dos pais. Ora, as aves jogam os filhotes para fora do ninho e eles aprendem a voar, aprendida a lição, eles se vão e boa sorte a todos. A tartaruga marinha bota centenas de ovos, dos quais poucos filhotes chegam à idade adulta. E, nem por isso, a tartaruga fica segurando-os na praia.

Por temerem não ter educado os filhos corretamente, os pais os seguram em suas rédeas psicológicas. São correntes efêmeras, sentimentais, que acalmam a consciência dando uma falsa segurança, um falso sentimento de proteção, ao mesmo tempo que estrangulam o pobre desgraçado.

Ao achar que está protegendo o filho, o pai o está prejudicando. O pai, por menos que veja a independência do filho, deve ao menos crer nela. Pois, o jovem deve se virar sozinho. Quer goste disso ou não.

Essa tal corrente se torna mais apertada conforme o tempo passa. Para os dois lados. Quanto mais tarde for o voo de despedida, mais dolorosa será a experiência.

Thadeu

PS: Não me entendam mal. É só um ponto de vista simplista. A realidade é muito mais complexa. Porém, não quer dizer que não possamos começar uma reflexão.
PPS: Este texto foi escrito antes do primeiro. Porém, senti que meus pensamentos estavam indo em rumos diversos demais e que não caberia tudo em um só texto. O motivo de eu ter publicado o outro primeiro foi por este ter sido escrito em um momento de raiva, enquanto sobre o outro eu tive tempo de refletir primeiro e de trocar idéia com o Mateus, o que serviu muito para alinhar minhas idéias.
PPPS: Por este texto ter sido escrito num momento de raiva, deixei-o "curtindo" algum tempo. Reli-o, entretanto, semanas após a discussão que o motivou e percebi que a raiva não distorceu meu pensamento. Por isso, ele segue tal qual foi escrito.

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