O rosto de Péricles tornou-se rubro. Não esperava aquela resposta. Durante meses, a " Arte de Conquistar Pessoas" fora tão sedimentada em sua mente que aquele completo fracasso tirou-lhe as palavras, e a tão batalhada confiança.
Mas ela riu.
-Olha, você ficou vermelho.
-É...eu...não...não fiquei.
-Ficou sim. Me desculpa, tá? Vamos começar de novo. Como você chama?
O jovem, ainda desorientado, passeava os olhos do rosto belo da garota para os seios, ocultos pelo volume de livros. Ela, inocentemente, ou tão inocente quanto uma garota após a menarca consegue fingir ser, agiu como se ele estivesse, galantemente, preocupado com tão imenso peso em braços tão delicados.
-Péricles.
-Credo, que nome feio.
-É grego.
-Eu sei de onde vem. Não gosto de ler, mas não sou burra. Olha, por quê você não me ajuda a levar estes livros em casa?- Disse-lhe ela, emupurrando-lhe os livros.
Péricles, ofendido pela inibição da moça, pensou em negar-lhe aquela ajuda. Seria como um tapa pelo insulto. Quem aquela insolente pensa que é, pensava ele já com o peso dos livros sobre os braços, levando-os ao balcão. Logo, já estavam longe.
Caminhavam lado a lado. Ela, pequena e ágil, era como uma flor levada pelo vento. Ela era empolgada, ria-se à toa e sua voz era confortante. Ele, por outro lado, todo tenso, andava encolhido, o que fazia com que suas formas perdessem o ar masculino, viril, e assumissem uma aparência cansada, frágil.
Além daquela voz agradável, que parecia surgir sem nenhuma dificuldade, sempre trazendo assunto, sempre com uma resposta ou uma observação, Péricles foi recompensado com o busto da morena e seu delicioso decote, o qual o fazia perder a concentração e contra o que lutava em prol de sua dignidade.
Ela, mulher, divertia-se com aquele descontrole interno, ao mesmo tempo lisonjeada e com ânsia de provocá-lo mais e mais. Não que não estivesse cansada de exercer o magnetismo de seus dotes e ver o animal-homem vir à tona, perdendo a compostura e o respeito. Mas, aquele cara era diferente. Um homem qualquer não se preocuparia em evitar ser descoberto pela mulher, em evitar olhar e parecer interessado. E ele parecia realmente interessado.
Ela era um gênio na arte da sedução. Na arte de conquistar. Sua auto-estima era o de qualquer mulher consciente de sua beleza. Ela gostara dele e iria ensiná-lo.
-Só mais um pouco, Péris. Minha casa é logo ali.
Fim da Parte II
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Continuemos a Saga de Péricles, senhores
ResponderExcluirHaaaa, olha q eu mato esse tb hein!
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