O telefone vermelho já não toca mais, a esperança depositada em um novo modelo de vida foi deflagrada pelo niilismo. Os anos se passaram e os vestígios do fascismo pairam sobre o torvelinho social. Esta onda devastadora, que arrancou e estraçalhou todo o modo de vida fundado na transformação do Homem.
A passividade notável culmina na fragmentação do sujeito. Tendo em vista, que o homem caminha pela vereda da subjetividade total, isto é, os indivíduos perderam a dimensão do realismo crítico. Conseqüência ocasionada pelo frenético e pelo acelerado mundo dos acontecimentos, que inviabiliza a reflexão e a observação dos fatos cotidianos. As grandes propostas ideológicas, hoje, encontram-se assoladas ou encurraladas pelo fenômeno niilista.
O fascismo foi e é tão devastador, que seu cheiro fétido pode ser sentido nas grandes alamedas urbanas, fazem-se tudo, mas tudo é feito sem nenhum sentido. A lógica do mundo é fragmentar o Homem cotidiano na sua ação, porque, seu poder em estado estilhaço nada tem de ameaçador, visto que tudo pode ficar como estava no estágio anterior, ou seja, passivo. O velho telefone vermelho, há tempo, nunca se viu tocar, seguindo outras tendências ele é apenas um móvel inteligível no canto da sala, mas inutilizável.
Muito se produz de entretenimento, objetos ganham vida e identidade de slogan. Neste provir o produtor do próprio produto perece. A única chama de mudança se embriaga na instabilidade idealizada do real, múltiplos sentidos são experimentados em seu mais elevado grau. Apresentável e atraente, nem forma e nem conteúdo, o niilismo consome a essência humana. As situações pré-estabelecidas e condicionadas almejam por ofuscar o sujeito na subjetividade, muito embora, as coisas que se apresentam nem sempre possuem finalidade ordenada.
É sabido que nem sempre a obra faz o artista, muito embora, a obra de um artista esta na sua expressividade por buscar um canal de comunicação. Diante desta circunstância o cotidiano é permeado pela subjetividade, a qual e por meio da espontaneidade busca expressar a criatividade. Por mais brutal que seja a ânsia de ofuscar o ser social, nada é tão irredutível quanto à subjetividade do ser. Podemos até conceber uma realidade de finalidade ordenada, que tenta por aparatos coercitivos enquadrar a vida e as ações. Mas o niilismo nas medições da subjetividade do Homem se acua.
Alhures o telefone vermelho é apenas um sonho consciente, fora de lugar e impreciso um peça sem utilidade. Neste tempo paradigmático, ou seja, de mudanças, o “novo” não se apossou de tudo, visto que algo ainda persiste nas entranhas sociais. As velhas buscas e projetos de construção do real continuam a suspirar. Consoante a tal perspectiva, a “loucura” panfletada pelos sonhadores é até intrigante, o modo como esta dita “loucura” brota pelo chão e passa por processos rigorosos de vigilância monitorada. Fazendo do poder “soberano”, a grande instabilidade, pois, diante da ação imprevisível a “loucura” impera com grande furor sob a intuição da ordem. A dissolução dos contextos degrada a poética da vida cotidiana e grande parte da concretude Humana fica na oscilação harmônica, a qual acarreta o niilismo absurdo na não reinvenção da vida.
O insustentável pêndulo de uma falsa esperança vã, que se quer fez barulho e não se faz valer passa por um processo corrosivo. O qual o niilismo, juntamente com o fantasma do fascismo tenta destruir e fragmentar, todavia, é diante da subjetividade que buscamos através do desenvolvimento criativo reavivar o que está em estado mórbido. Digno de observação a “loucura” sempre nos intriga, algo que o nosso telefone não o fez, pois neste estado de caminhada solitária a espontaneidade e a imprevisibilidade é a luz de nossa subjetividade.
O niilismo com suas situações previsíveis de banalização do cotidiano não haverá de ir até o fundo de sua ação, pois nasce aqui um novo aparato de guerra, a poética cotidiana.
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"Nada é tão irredutível quanto a subjetividade do ser".
ResponderExcluirAté que ponto a subjetividade está intimamente ligada ao niilismo, enquanto a loucura se enlaça a poesia?
O texto é intrigante e desperta quanto ao destino do "telefone vermelho"!
Lilian T.